Judas Iscariotes
Escrever sobre Judas Iscariotes foi uma ideia que nasceu em mim no ano de 2007, enquanto eu participava de um churrasco na casa de um amigo.
Estava presente ali um jovem que cursava faculdade de direito. Ao saber que eu me interessava por assuntos bíblicos, ele me disse:
“Fale sobre Judas Iscariotes, mas não somente na bíblia, fale também fora dela”.
Outra pessoa me falou: “Uma vez o destino a ser cumprido, podemos condenar Judas Iscariotes?”.
“O DESTINO A SER CUMPRIDO...”.
A profecia estava destinada ao cumprimento, mas o homem que seria selecionado para torná-la cumprida, não. Não havia um nome, um DNA, predestinado ao erro. Havia uma profecia em busca de um homem insensato que se encaixasse na terrível fôrma que a profecia constituía, alguém que já estava com o pé no inferno por conta própria.
Judas foi um homem inconsequente, do tipo que acha que pode cometer erros, faltar com respeito para com as pessoas e ainda dar boas gargalhadas no final de tudo. A mesma bíblia que fala sobre a condenação do Judas, fala que Deus não comete nenhuma injustiça contra o justo, mas que abomina ao ímpio (Salmo 73).
Houve na face da terra muitos Judas antes do Judas escolhido por Deus para representar o filho da perdição. E hoje, em nossos dias, muitos Judas circulam por aí em igual loucura, esperando somente que seus olhos se abram tarde demais para que possam acordar também tarde demais da maldade que tanto amam e insistem em praticar. Se a profecia bíblica não dissesse: O filho da perdição, mas dissesse: os filhos da perdição; então não seria necessário também hoje condenar alguém ao inferno só para que a profecia se cumprisse. Isto porque muitos homens, mesmo não condenados ao papel de representar traidores de Cristo, já têm se reservado ao inferno por conta de suas próprias atitudes. E não foi diferente com o Judas Iscariotes. Ele foi um homem obstinado, que foi condenado ao inferno não por conta da profecia, mas porque preenchia todos os requisitos de homens de qualquer forma condenados ao inferno por conta de suas próprias atitudes.
Hoje existe outra profecia no mundo semelhante a que Judas Iscariotes deu jeito de se encaixar, que é: “Assim como o joio é queimado e lançado no fogo, ASSIM SERÁ NA CONSUMAÇÃO DESTE MUNDO. Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniquidade. E lança-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. QUEM TEM OUVIDOS PARA OUVIR, OUÇA”. (Mateus 13:40-43). Não há nomes nem DNA’s reservados para o cumprimento desta profecia, mas por certo que muita gente está fazendo o cumprimento dela, não por conta da profecia, mas por conta da vida desonesta que escolheram praticar, dando assim jeito de se encaixar na terrível forma que ela constitui, quando há modo de se encaixa no lado bom dela, que é: “Então os JUSTOS resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai”, sendo justo para a honra e glória de Deus.
Judas foi um homem desonesto. João 12:1-6, diz isso, conforme lemos:
- 1 Seis dias antes da Páscoa Jesus chegou a Betânia, onde vivia Lázaro, a quem ressuscitara dos mortos.
- 2 Ofereceram-lhe um jantar. Marta servia, e Lázaro estava entre os que se reclinavam à mesa com ele.
- 3 Então Maria tomou uma libra de um nardo puro, um perfume muito caro, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos. E toda a casa se encheu com a fragrância do perfume.
- 4 Mas um dos discípulos, Judas Iscariotes, que mais tarde o trairia, objetou:
- 5 “Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários, e não se deu aos pobres?
- 6 Ele disse isso, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, MAS PORQUE ERA LADRÃO; TENDO A BOLSA, TIRAVA O QUE NELA SE LANÇAVA”.
Judas não foi ladrão porque foi o escolhido, ele foi o escolhido porque era um ladrão, alguém que já estava com o pé no inferno, alguém que estava caminhando no caminho largo da perdição (Mt 7:13-14) onde ninguém está autorizado a estar sem correr o risco de se dar muito mal por final.
Ser o escolhido para representar o traidor do Cristo era um caminho sem volta: uma vez escolhido, escolhido para sempre. Era o filho da perdição; portanto, teria que perder. Somente um homem seria escolhido. Se fosse Pedro, seria Pedro e Judas não perderia; Se fosse João, seria João e Pedro não perderia. Se fosse Judas, seria Judas e nenhum outro discípulo perderia, mas foi Judas e ele perdeu porque havia uma sentença de perdição predeterminada.
“O DESTINO A SER CUMPRIDO...”.
“Estando eu com eles no mundo, guardei-os no nome que me deste. NENHUM DELES SE PERDEU, SENÃO O FILHO DA PERDIÇÃO, PARA QUE SE CUMPRISSE A ESCRITURA” (João 17:12).
Por que será que Deus estabeleceria uma profecia onde um homem indefinido seria tragicamente condenado ao inferno?
Observe:
A Bíblia revela o caráter de Deus, e revela que o Criador dos céus e da terra é um Deus que prova suas criaturas.
É impressionante como o caráter provador de Deus está revelado na Bíblia. São muitos os textos bíblicos que revelam o caráter provador de Deus concernente ao ser humano.
O Criador é um Deus fiel que ama a fidelidade, e ama tanto que testa seus filhos em relação a ela, como alguém que quer separar a joia rara da bijuteria, o trigo do joio, o fiel do infiel. Ele não permite jamais que alguém diga: “Eu jamais te negarei, Senhor!”, sem ser devidamente provado. Na verdade, todo aquele que chamar Deus de Pai será provado por ele. Todos os candidatos aos céus serão provados, mas somente os aprovados herdarão a vida eterna. Deus prova:
“Lembrar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, PARA TE HUMILHAR E TE PROVAR, PARA SABER O QUE ESTAVA NO TEU CORAÇÃO, SE GUARDARIAS OU NÃO OS SEUS MANDAMENTOS” (Dt 8:2).
Deus abençoou Abraão, e disse que ele seria pai de muitas nações, mas antes PROVOU-O:
“Depois destas coisas, PROVOU DEUS A ABRAÃO, dizendo-lhe: Abraão! E este respondeu: Eis-me aqui. Então disse Deus: Toma o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que te mostrarei”. “Chegaram ao lugar que Deus lhe dissera, e edificou Abraão ali o altar, e sobre ele pôs em ordem a lenha. Amarrou Isaque, seu filho, deitou-o no altar, em cima da lenha, e, estendendo a mão, pegou no cutelo para imolar o filho. Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde o céu, e disse: Abraão! Abraão! Respondeu ele: Eis-me aqui. Então disse o anjo: Não estendas a tua mão sobre o rapaz, e não lhe faças nada. AGORA SEI que temes a Deus, pois não me negaste o teu filho, o teu único filho” (Gn 22:1-2; 9-12).
O anjo disse: “...AGORA SEI...”.
Deus é onisciente, Deus sabe todas as coisas, mas o ser humano, assim como os anjos, não. Através da prova o ser humano pode saber se é ou não fiel a Deus, e ainda outras pessoas poderão saber se o provando é ou não fiel a Deus. E Deus se alegra com aqueles que cooperam para que o provando vença a prova.
“Um ao outro ajudou e ao seu companheiro disse: Esforça-te”. (Is. 41:6).
O ser humano foi formado com um recurso impressionante chamado inteligência.
Em tese, inteligência é uma capacidade que gera a habilidade de raciocinar, planejar, inventar, resolver problemas, pensar de forma abstrata, compreender ideias complexas, aprender rápido. Qualquer ser que não tenha essa capacidade, ainda que tenha propriedades da inteligência, não é considerado inteligente. Inteligência é o conjunto total mínimo de propriedades que geram a capacidade. Por exemplo, só nós, os seres humanos, criamos os aviões, os carros, as sondas espaciais, as mansões, as lâmpadas, os navios, a escrita, os computadores, os edifícios, a inteligência artificial que, inclusive, foi criada pelo único ser inteligente formado na face da Terra, que é o ser humano.
Para Deus formar o homem com inteligência exigia formá-lo com liberdade. Inteligente e sem liberdade o homem seria uma mentira de Deus na face da terra, e Deus não mente: ou faria uma mula dominada por freio e cabresto ou faria o homem com liberdade por consequência da inteligência.
O homem domina sobre a mula por ser inteligente e também porque ela não é dotada de inteligência. Mas veja o que aconteceu quando Deus implantou inteligência em uma jumenta por alguns instantes.
Deus estava aborrecido com as atitudes de um homem chamado Balaão. O texto diz:
“Mas a ira de Deus se acendeu quando ele se foi, e o anjo do Senhor postou-se no caminho para barrar-lhe a passagem. Ele ia caminhando, montado na jumenta, e dois de seus moços com ele. Viu a jumenta o Anjo do Senhor, que estava no caminho com sua espada desembainhada na mão, pelo que a jumenta se desviou do caminho, e foi pelo campo. Então Balaão espancou a jumenta para fazê-la voltar ao caminho”.
Balaão espancou a jumenta por três vezes. E o texto continua:
“ENTÃO O SENHOR ABRIU A BOCA DA JUMENTA, e ela disse a Balaão: QUE TE FIZ EU, QUE ME ESPANCASTE JÁ TRÊS VEZES? Respondeu Balaão à jumenta: É porque zombaste de mim. Se eu tivesse uma espada na mão, agora te mataria. A jumenta disse a Balaão: PORVENTURA NÃO SOU EU A TUA JUMENTA, EM QUE TODA A TUA VIDA CAVALGASTE ATÉ HOJE? TENHO EU O COSTUME DE AGIR ASSIM CONTIGO? Ele respondeu: Não. Então o Senhor abriu os olhos de Balaão, e ele viu o anjo do Senhor parado no caminho, tendo a espada desembainhada na mão. De modo que ele se inclinou, e prostrou-se com a face em terra” (Nm 22:22,28-31).
A jumenta só faltou chamar o Balaão de burro, mas ela não teve tempo de cometer nenhuma injustiça contra o animal.
Viu o que acontece quando uma criatura recebe inteligência? Torna-se livre: pensa, argumenta, defende-se e toma decisões.
E se a jumenta continuasse com inteligência por longo tempo, será que ela continuaria sendo fiel a Balaão, seu mau Senhor?
E se Balaão descobrisse que jumentas inteligentes são complexas e que nem sempre são fieis a seus Senhores, mesmo sendo eles muito bons; mas descobrisse também haver jumentas inteligentes e fieis a seus Senhores, não importando o que eles sejam? Nasceria então em Balaão o desejo e necessidade de provar suas criaturas, com a finalidade de identificar o que tem diante de si: criaturas obedientes ou desobedientes; fieis ou infiéis.
Deus só têm coisas boas para o ser humano.
Deus é perfeito em bondade, Deus ama, corrige, defende e protege. Mas nós, os seres humanos, ainda assim, nem sempre somos fieis ao nosso Senhor. E Deus, por ser santo e perfeito em fidelidade, exige também fidelidade de nós.
Deus nos oferece a vida eterna, mas ninguém é obrigado a aceitar a vida oferecida por Deus. Mas para aqueles que desejam receber a vida eterna das mãos de Deus, está reservado passar por provas, está reservado passar por verdadeiros testes de fidelidade.
Nem o Senhor Jesus Cristo escapou. O texto de Mateus 4:1, diz:
“Então Jesus FOI LEVADO PELO ESPÍRITO SANTO ao deserto, PARA SER TENTADO pelo diabo”.
É o caráter provador de Deus concernente ao ser humano.
DEUS CALCULA TUDO.
Jesus Cristo disse:
“Se algum de vós esta querendo edificar uma torre, NÃO SE ASSENTA PRIMEIRO A FAZER AS CONTAS DOS GASTOS, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei NÃO SE ASSENTA PRIMEIRO PARA CALCULAR...” (Lc 14:28-31).
Devemos estudar o diabo para melhor combatê-lo; calcular antecipadamente: assentar-se primeiro.
Agora você está assentado primeiro, mas o tema que estamos vendo agora é: POR QUE DEUS ESTABELECERIA UMA PROFECIA ONDE UM HOMEM SERIA TRAGICAMENTE CONDENADO AO INFERNO?
E para tratar disso, também estamos vendo sobre: O CARÁTER PROVADOR DE DEUS concernente ao ser humano.
Jesus ensinou que os reis se assentam primeiro para calcular. Deus é Rei, é o Rei dos reis, e assentou-se primeiro, conforme lemos:
“...reino que vos está preparado DESDE A FUNDAÇÃO DO MUNDO” (Mt 25:34);
“...conhecido DESDE A FUNDAÇÃO DO MUNDO” (1Pedro 1:20);
“...Cordeiro, que foi morto DESDE A FUNDAÇÃO DO MUNDO” (Ap 13:8);
“Pois nos elegeu nele ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO...” (Ef. 1:4a); e muito mais.
Houve uma assembleia no céu antes da fundação do nosso mundo para o planejamento de todas as coisas relacionadas com a criação. Nessa reunião uma decisão foi tomada: o ser humano seria formado com inteligência e liberdade.
Era um grande desafio para o Criador: uma raça inteligente poderia se achar demasiadamente dona de si mesma e de qualquer situação. Uma raça inteligente poderia tornar-se rebelde por se achar sábia demais.
Olhando para o futuro, Deus viu que haveria muitos que virariam as costas para o seu Criador. Ele viu também que essa raça inteligente e livre tornar-se-ia muito exigente e que facilmente se rebelaria contra o seu Senhor. Deus viu que haveria obedientes e desobedientes, trigo e joio, ovelhas e lobos, fiéis e infiéis, filhos e não filhos, etc. (São muitos os títulos).
Então outra decisão foi tomada na assembleia: Muitos seriam chamados, mas poucos escolhidos. Muitos seriam chamados à existência, mas somente os fiéis, os aprovados, herdariam a vida eterna; somente os obedientes herdariam a vida. Todos teriam condições de ser obedientes, todos seriam livres!
Mas como identificar o fiel do infiel? Como saber se o fiel é fiel mesmo, a vida toda? Prova neles!
“Os que estão sobre pedras são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria, mas como não têm raiz, APENAS CRÊEM POR ALGUM TEMPO, e NA HORA DA PROVAÇÃO SE DESVIAM” (Lc 8:13).
E então ficou decidido: o ser humano passaria por provas!
Uma pessoa que nega o caráter provador do Pai do Senhor Jesus Cristo concernente ao ser humano pode ser qualquer coisa na vida, menos cristão:
“Meus irmãos, tende por motivo de grande alegria o passardes por provações. Sabendo que a prova da vossa fé desenvolve perseverança. Bem-aventurado o homem que suporta a provação, PORQUE DEPOIS DE TER PASSADO NA PROVA, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu AOS QUE O AMAM” (Tiago 1:2-3,12).
Nesse contexto, Deus formou o homem com inteligência e o colocou no jardim do Éden, e colocou também no jardim a obediência e a desobediência.
A obediência era representada pela possibilidade do homem permanecer no estado em que foi formado, isto é, renunciar a maldade, a luxúria, ficando longe do fruto da árvore.
A desobediência era representada pela possibilidade do homem comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, fruto este que o homem não poderia comer, visto que o Criador havia ordenado:
“De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás, pois no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. (Gn 2-16).
Deus colocou a obediência e a desobediência no jardim do Éden para honrar a inteligência e o livre arbítrio com os quais o homem havia sido formado.
Um ser livre precisa de no mínimo dois caminhos diante de si, pois se houvesse somente um caminho para se seguir no planeta terra, naturalmente o homem seguiria esse único caminho; talvez não por obediência, mas por falta de opção.
Então Deus colocou a fidelidade e a infidelidade diante do homem, e criou a serpente do Éden com a mesma intensidade de inteligência do homem.
Deus não se deixa enganar: um ser inteligente só poderia ser tentado em verdade por outro ser também inteligente.
A competência do tentador identifica o nível de qualidade do alvo a ser testado, identifica com segurança se o quadro trata-se de joia rara ou bijuteria, fiel ou infiel, obediente ou desobediente.
Você levaria uma corrente que acabou de achar a uma farmácia para saber se é ou não ouro, ou levaria a uma joalheria?
A serpente do Éden fornecia a Deus a possibilidade do homem ser testado através de um ser gabaritado para tanto, tão inteligente quanto o próprio homem. E mais ainda: ela fornecia para Deus a possibilidade do homem ser tentado por alguém a quem ele teria grande consideração, seria como se fosse um grande amigo da família; pois qualquer pessoa naturalmente diria não se fosse tentado por um inimigo explícito e assumido (Sl 55:12-14).
Então a serpente do Éden representaria um grande amigo do homem, um parceiro sempre próximo, seguro, mas que na verdade seria um grande traidor.
O que não justificaria a desobediência do homem, porque o homem não seria tentado acima da sua capacidade de obediência, conforme o critério do Criador referente a tentação:
“NÃO VEIO SOBRE VÓS TENTAÇÃO, SENÃO HUMANA. E FIEL É DEUS, QUE NÃO VOS DEIXARÁ TENTAR ACIMA DO QUE PODEIS RESISTIR, ANTES COM A TENTAÇÃO VIRÁ TAMBÉM O ESCAPE, PARA QUE A PODEIS SUPORTAR” (1Co 10:13).
Deus não fez a serpente para o mal, mas a fez com livre arbítrio.
Então o Satanás tentou a serpente e conquistou-a para si, e dessa forma ela se tornou cúmplice da maldade do maligno contra o homem. E assim, aquela serpente que antes fornecia a Deus apenas a possibilidade de o homem ser tentado por um ser gabaritado, agora fornecia a tentação propriamente dita.
A serpente era astuta e se fez passar por amiga do homem para induzi-lo ao erro. Satanás escondia-se dentro da serpente.
Observe que existe semelhança entre a serpente do Éden e Judas Iscariotes. A serpente foi o Judas na vida de Adão. E o Judas foi a serpente na vida de Jesus. Símbolos de enganação e traição.
Adão caiu no engano da serpente e foi reprovado no teste, mas Cristo não se deixou enganar por Judas e foi aprovado no teste.
Deus prova. E provou Adão através da serpente: um falso amigo. E provou Cristo através de Judas: um falso discípulo.
A morte reinou por causa da desobediência de Adão. A vida reina por causa da obediência de Cristo. A Bíblia diz que Cristo é o segundo e último Adão.
“Pois assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Pois assim como todos morrem em Adão, Assim também todos serão vivificados em Cristo”. “Assim também está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente; o último Adão, espírito vivificante”. (1Co 15:21-22,45).
A possibilidade de o homem ser testado por um ser competente era um dos custos da verdade de Deus para a criação de uma raça inteligente e livre. O homem seria provado. E se o primeiro Adão foi provado por um ser astuto, o segundo Adão, Cristo, também deveria ser.
E do mesmo modo que Deus não havia feito a serpente para o mal, foi a própria serpente que decidiu enganar a Eva, e Deus, inclusive, até a reprovou também, conforme está escrito:
“Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi. Disse, pois, o Senhor Deus à serpente: “PORQUE FIZESTE ISTO, MALDITA ÉS”. (Gn 3-12).
Igualmente Deus não havia feito o Judas para o mal, mas o próprio Judas decidiu trair a Jesus, e Deus o reprovou também.
Deus reprovou a serpente porque ela fez, e reprovou Judas porque ele também fez. “PORQUE FIZESTE...”, disse o Senhor.
A serpente e o Judas não estavam incumbidos de fazer. Eles podiam fazer somente no sentido de ter ao alcance das mãos, livre arbítrio, mas estavam na verdade é proibidos de fazer, mas fizeram e foram condenados. Se não tivessem feito, não teriam sido condenados; e podiam não fazer: eram livres! Mas fizeram e foram condenados.
Deus estabeleceu uma profecia onde um homem seria tragicamente condenado ao inferno porque seria justo que o segundo adão, Cristo, fosse provado de forma semelhante a que foi o primeiro.
Deus é justo. E se o diabo teve uma serpente na vida do primeiro Adão, seria justo que tivesse também na vida do segundo. Ele não abriria mão disso, e não abriu por reivindicação ao direito de tentar de forma eficiente.
O diabo não abriu mão nem da primeira nem da segunda serpente.
Eu imagino que o Judas tenha se sentido um imbecil muito grande quando, depois de morto, descobriu que decidiu agradar, ao invés de agradar a Deus, exatamente aquele que era o causador e único interessado em sua desgraça.
E Deus, que é justo, não poupou o Cristo, como se fosse “o filho protegidinho de Deus”.
Deus ama tanto a justiça que disse a respeito de seu filho:
“Se o meu justo recuar, não terei eu prazer nele” (Hb 10:38).
E providenciou uma serpente para a vida de seu filho, e Judas Iscariotes foi o escolhido porque era desonesto. Se fosse honesto não teria sido o escolhido. Deus estava procurando uma serpente enganadora e encontrou Judas Iscariotes.
Judas era o sujeito ideal para a profecia. Os dois se completavam. Satanás exigia direito de tentar de forma eficiente, exigia um traidor, e não era difícil encontrar um, porque havia muitas serpentes ali, havia muitos “Judas Iscariotes”. Os escribas e os fariseus foram chamados de serpentes, raça de víboras, religiosos falsos. Pareciam amigos de Deus, mas na verdade não eram. Jesus disse dos escribas e dos fariseus:
“Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?” (Mt 23:33).
Judas parecia ser amigo de Deus, mas na verdade não era. Em João 13:27, lemos: “Entrou Satanás em Judas”.
Cabia a Cristo usar a inteligência e a liberdade herdadas de Deus para livrar-se das astutas ciladas do diabo, assim como cabe a nós fazermos a mesma coisa.
JUDAS ISCARIOTES.
Agora que Judas Iscariotes já foi condenado, e não tem jeito mais de ser outro o traidor de Cristo, então poderemos dizer que a história de Judas Iscariotes começa no livro de Gênesis, quando Adão e Eva ainda estavam no Jardim.
A primeira profecia está lá. Observe o texto:
“Disse, pois, o Senhor Deus, à serpente: Porque fizeste isto, maldita és entre todos os animais domésticos, e entre todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e O SEU DESCENDENTE; ESTE TE FERIRÁ A CABEÇA, E TU LHE FERIRÁS O CALCANHAR” (Gn 3:14-15).
Sabemos que a frase “...O SEU DESCEDENTE...” (no singular) se referia ao Senhor Jesus Cristo, que seria enviado por Deus ao mundo e nasceria de mulher. O que de fato aconteceu, conforme lemos:
“Ora, o nascimento de Jesus foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes que coabitassem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. José, seu marido, sendo justo e não querendo difamá-la, resolveu deixa-la secretamente. Projetando ele isto, em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta: A VIRGEM (MULHER, PORQUE CRISTO NASCERIA DA MULHER) conceberá e dará à luz um filho, e o chamarão pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus conosco” (Mt 1:18-23).
“...O SEU DESCENDENTE; ESTE TE FERIRÁ A CABEÇA, E TU LHE FERIRÁS O CALCANHAR”.
Satanás e a serpente haviam se tornado uma só criatura no sentido da maldade contra o homem. Os dois tinham o mesmo objetivo: desfigurar o homem. E então a serpente resultou em uma marionete na mão do diabo.
Portanto, devemos pensar muito mais no Satanás do que na serpente ou em Judas Iscariotes quando pensarmos no alvo de ataque do Senhor Jesus Cristo contra o mal.
Quando Jesus Cristo disse: “O QUE ESTÁS PRESTES À FAZER, FAZE-O DEPRESSA”, ele estava olhando muito mais para o Satanás do que para o Judas Iscariotes, conforme lemos:
“Assim que Judas tomou o pão, ENTROU NELE SATANÁS. DISSE-LHE JESUS: O QUE ESTÁS PRESTES À FAZER, FAZE-O DEPRESSA” (Jo. 13:27).
Jesus não fugia da profecia. Satanás feriria o calcanhar de Cristo: estava escrito e ponto final.
Judas foi a serpente da vida de Jesus, e a profecia de Gn 3:14-15 referia-se àquele que estava dentro da serpente.
Então a profecia: “O SEU DESCEDENTE; ESTE TE FERIRÁ A CABEÇA, E TU LHE FERIRÁS O CALCANHAR”, ficaria assim: “SATANÁS, JESUS CRISTO FERIRÁ A TUA CABEÇA, E VOCÊ FERIRÁ O CALCANHAR DE JESUS CRISTO”.
E COMO FOI QUE O SATANÁS FERIU O CALCANHAR DO SENHOR JESUS CRISTO?
Perseguindo-o até que seus pés carnais não mais estivessem pisando na face da Terra. Satanás sabia que as palavras que saiam da boca de Cristo eram poderosas. E quanto menos Cristo falasse, melhor seria para o reino de Satanás. Se dependesse de Satanás, Cristo nem teria cumprindo seu ministério da face da Terra, teria morrido ainda criança pelas mão de Herodes. Cada palavra que saia da boca de Cristo fazia um estrago muito grande no reino de Satanás. Satanás precisava desesperadamente afastar o Senhor Jesus Cristo da face do planeta terra. Três meses aqui pregando o evangelho seria terrível para o reino do Satanás, mas Jesus Cristo pregou por três anos, até que o Pai permitiu que ele fosse afastado da face da Terra. 1jo 3.8
Mas Cristo queria ficar ainda mais aqui. Cristo orou para que o cálice fosse afastado, orou ao Pai por mais um tempo de ministério na face da Terra. Ele amou tanto as pessoas, e queria fazer um estrago ainda maior no reino de Satanás (1Jo. 3:8: “Para isto se manifestou o Filho de Deus: PARA DESTRUIR AS OBRA DO DIABO”). Mas Deus tinha propósitos para cumprir e não mais afastou a cruz de Cristo.
Que vida dura a do Satanás: se matasse a Cristo estaria cumprindo a vontade de Deus, porque Cristo veio ao mundo para morrer pelos pecadores. Se não matasse seria ainda pior, porque cada palavra que saia da boca de Cristo conquistava milhares de pessoas para o reino de Deus, rachava o reino de Satanás ao meio (Lucas 10:17-19), e dividia a história da humanidade em duas partes: antes e depois do Cristo. E quanto menos Cristo fosse percebido no mundo, melhor seria para o reino do diabo.
Então Satanás decidiu que seria melhor afastar Cristo o mais rápido possível da face da terra. E de fato ele fez isso, e até usou Judas para entregar Jesus aos fariseus. E assim se cumpriu a profecia que dizia: “...TU LHE FERIRÁS O CALCANHAR”.
Foi assim que Satanás feriu o calcanhar do Senhor Jesus Cristo, perseguindo-o através da segunda serpente, até que seus pés carnais não mais estivessem pisando na face da Terra. Mas a respeito de Cristo estava escrito:
“Assim diz o Senhor: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os preservados de Israel. TAMBÉM TE DAREI PARA LUZ DOS GENTIOS, PARA SERES A MINHA SALVAÇÃO ATÉ AS EXTREMIDADES DA TERRA” (Is 49:6).
“O bom prazer do Senhor prosperará na sua mão. Ele verá o trabalho da sua alma, e ficará satisfeito” (Is 53:11).
“Então os judeus perguntaram: Que sinal miraculoso nos mostras para provar que tens autoridade para fazer isto? Respondeu-lhes Jesus: Destruirei este templo, e em três dias o levantarei de novo. Disseram os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu o levantarás em três dias? ” (Jo 2:18-20).
Cristo morreu, mas ressuscitou no terceiro dia. De fato o templo foi reconstruído em três dias. Hoje Jesus Cristo está assentado à direita de Deus:
“Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés” (Sl 110:1).
O Senhor Jesus enviou-nos o Espírito Santo e continua falando através dos cristãos.
Judas foi apenas um jeito de apresentar-se aparentemente “aceitável” que Satanás usou para ficar próximo de Cristo, com a finalidade de ferir seu calcanhar.
Mas quando Judas chegou com uma multidão armada com espadas e cassetetes para buscar o Cristo com a finalidade de entregá-lo aos fariseus, Jesus não fugiu, mas ao contrário, adiantou-se e perguntou:
“A QUEM BUSCAIS? Responderam-lhe: A Jesus de Nazaré. Disse-lhes Jesus: SOU EU. E JUDAS, QUE O TRAIA, ESTAVA COM ELES. Quando Jesus lhes disse: SOU EU, recuaram e caíram por terra. Tornou a perguntar-lhes: A QUEM BUSCAIS? E disseram: A Jesus de Nazaré. Respondeu Jesus: JÁ VOS DISSE QUE SOU EU”. (Jo. 18:4-8).
Cristo foi tão bom, fez tantos sinais miraculosos, amou tanto as pessoas, suas atitudes provavam tanto que ele era de fato o Messias e demonstrava tanto poder em suas mãos, que os soldados o temiam acima de tudo: “...recuaram e caíram por terra...”. E Jesus teve que dar uma bronca muito grande em todo mundo para que fosse preso e levado aos fariseus: “Já vos disse que sou eu...”.
Jesus Cristo inutilizou Judas para mostrar ao mundo que não há espaço no reino de Deus para malandros. Deus exige a honestidade de todas as pessoas que desejam um dia morar nos céus.
E COMO FOI QUE CRISTO FERIU A CABEÇA DE SATANÁS?
Quando Deus criou o Lúcifer, a serpente e o homem, habitava em seu coração a essência de seu caráter: a verdade.
Para Deus, formar criaturas livres envolvia formar com opção de escolha, literalmente.
O homem, Lúcifer e a serpente seriam formados com opção de escolha. Eles seriam formados com liberdade. Mas em que consistiria a liberdade deles?
A LIBERDADE DO LÚCIFER: O ANJO DA LUZ.
(Lúcifer é um título metalinguístico criado pelo ser humano, que quer dizer anjo da luz)
Lúcifer foi um grande e poderoso anjo criado por Deus por causa do homem (Jd. 1:9).
Criar esse anjo foi diferente para Deus do que criar o homem. O homem era para ser um filho, Lúcifer para ser um anjo formoso com poderes especiais. Diante do Criador, ele não passava de um pequenino e indefeso anjo cantador, mas diante do homem ele poderia ser um “deus” respeitável em poder. Ele era muito querido e amado por Deus, nada lhe faltava.
Até esse momento o homem ainda não existia. O homem estava presente apenas no coração de Deus, mas o Lúcifer não sabia disso. Ele orgulhava-se de ser o grande anjo da luz.
Tudo ia muito bem, até que um dia sons inusitados começaram a ecoar pelos céus, anjos cantando: “Grandes são as obras das mãos de Deus: igual não se viu e igual não se verá. A sua imagem e semelhança o formará. De meu filho o chamará. Dará ordens aos anjos para o proteger de tropeçar nalguma pedra”.
Lúcifer então sentiu pela primeira vez o desejo de usufruir de sua liberdade não para louvar ao Criador e o questionou no coração:
“Por que formar uma criatura ainda superior a mim em valor? E por que me incumbir de servi-la? ”.
Deus já esperava essa reação do Lúcifer, pois o havia feito com essa possibilidade. E Deus sabia: o momento de colocar a obediência e a desobediência diante do anjo havia chegado, Lúcifer seria provado.
Deus o amava, Deus o queria no reino celestial, mas a decisão agora dependeria só do grande anjo. Se Lúcifer optasse pelo reino celestial, Deus arrancaria dele toda possibilidade de desobediência. Ele não teria mais como desobedecer ao Criador e seria ainda muito mais feliz com Deus.
Mas agora o Criador tinha que expor as duas propostas para o anjo. A hora havia chegado. E então Deus apresentou a Lúcifer tudo sobre o plano original.
E assim Lúcifer descobriu que não era a obra principal do Criador, mas que a grande obra do Senhor seria o homem.
O homem seria formado a imagem e a semelhança de Deus, e os anjos o serviriam, porque ele seria uma criatura muito especial: ele seria um filho.
E então o Lúcifer se irritou. Ele sentia-se grande demais para ter que viver agora para proteger o homem de tropeçar nalguma pedra. (Sl 34:7; Mt 4:6).
O LIVRE ARBÍTRIO.
Deus jamais havia dito para Lúcifer que ele seria a grande obra do Criador. Foi o próprio Lúcifer que se encantou consigo mesmo, com seu cargo, e decepcionou-se com Deus. Ele queria ser o centro das atenções. E na proposta de Deus o centro das atenções seria somente o Criador. Deus não abre mão de sua glória (Is. 42:8).
Todo o plano estava agora diante do anjo. Deus havia esclarecido o plano para o Lúcifer. Mas havia ainda a necessidade de esclarecer o lado perigoso de tudo. Lúcifer foi criado por Deus por causa do homem. O homem havia sido criado com livre arbítrio. Mas como ter livre arbítrio diante de um único Deus? E se o homem resolvesse rejeitar o seu Deus Criador, por qual outro deus o homem poderia fazer opção?
Se existisse somente um Deus optável na face do planeta terra, o livre arbítrio do homem seria incompleto.
Diante do Criador, Lúcifer era um grãozinho de areia, mas diante do homem ele poderia ser um deus. Formar o homem com livre arbítrio exigia lhe formar também outro deus. Então Deus criou esse outro deus, que um dia foi Lúcifer, mas que hoje é Satanás. “Eu formo a luz, e crio as trevas, e faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas essas coisas” (Is. 45:7).
Mas a vontade de Deus jamais foi que Lúcifer optasse por se tornar nesse anjo terrível que hoje conhecemos por Satanás. Deus havia esclarecido tudo a Lúcifer. E se ele dobrasse os joelhos em adoração diante do Criador e confessasse:
“Eu renuncio a possibilidade de ter para mim um reino próprio. Eu renuncio ser um deus possível de ser optado pelo homem. Eu renuncio a possibilidade de ser venerado pelo homem na face da Terra...”.
Então Deus arrancaria dele toda possibilidade de maldade e ele seria sempre um grande anjo de luz para o louvor da glória de Deus, porque verdadeiro há só um Deus. Só o Criador dos céus e da terra é eterno e onipotente. Os outros deuses sãos fictícios, isto é, inventados, não deuses por essência, conforme o próprio Criador disse:
“Por mim mesmo jurei, a minha boca proferiu, com toda a integridade, uma palavra que não tornará atrás: Diante de mim se dobrará todo joelho, e por mim jurará toda língua”. (Is. 45:23).
“Pois o Senhor vosso Deus é o Deus dos Deuses, e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno” (Dt. 10:17).
O homem no estado original era uma criatura inocente. E sem o Satanás para semear a semente da maldade em seu coração (Mt 13:27-28), ele continuaria sendo aquela criatura inocente sem motivos para desobedecer ao Criador, e isso era o que Deus queria. Mas o Satanás deu motivos ao homem para desobedecer; motivos falsos e enganosos que foram apresentados ao homem através da serpente. Satanás havia se tornado como um deus, e fez exatamente essa proposta ao homem: “...sereis como Deus...” (Gn 3:5), e mentiu dizendo que ele não morreria caso desobedecesse: “...Certamente não morrereis (Gn 3:4). Se o Satanás não tentasse, o homem não desobedeceria. Mas Deus não impediria a tentação caso o Lúcifer decidisse se rebelar. A possibilidade do homem ser tentado era uma das exigências da verdade de Deus para a criação da raça humana, mas somente a possibilidade, não a tentação propriamente dita; Deus a ninguém tenta, conforme lemos em Tiago 1:13: “Ninguém ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus. Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, E ELE A NINGUÉM TENTA”. Permitindo a possibilidade, ainda que a tentação não viesse a acontecer, a justiça de Deus se sentiria satisfeita e o mundo seguiria sempre sendo aquele mundo bom que Deus criou no inicio de tudo. Se o Lúcifer permanecesse fiel, tudo estaria encerrado referente a tentação, porque ela não teria deixado de acontecer por não ter existido a possibilidade dela acontecer, mas porque as partes que poderiam fazê-la acontecer a renunciaram em louvor da glória de Deus, e isso seria suficiente para que a justiça do reino de Deus fosse saciada. Mas sabemos que isso não aconteceu, o lúcifer optou por tentar, e Deus não impediu a tentação por causa do livre arbítrio do homem.
Enfim, o Lúcifer agora estava diante de Deus e tinha uma decisão a ser tomada. Ele teria de decidir. E infelizmente aconteceu o que não tinha necessidade de acontecer, Deus não queria que acontecesse, mas sabia que aconteceria e de fato aconteceu, Lúcifer optou por um reino próprio, optou por afastar-se da presença de Deus, optou por ser o outro deus possível de ser optado pelo homem na face da terra. E de fato hoje ele é isso. O apóstolo Paulo disse referente o Satanás:
“O deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2Co 4:4).
Lúcifer tornou-se Satanás. Deixou de ser o anjo da luz para ser o deus das trevas. Ele tornou-se o inimigo de Deus e dos homens. Mas antes da decisão, Deus o avisou das curvas dessa estrada. Deus deixou bem claro para ele o que aconteceria com ele caso optasse por se tornar no Satanás. Deus esclareceu:
1 – O reino de Satanás não seria eterno. Ainda que fosse perdurar por milhares de anos, no tempo certo determinado seria destruído.
2 – Satanás iniciaria seu reino no mundo através do primeiro Adão (Lc 4:6), e teria seu reino destruído pela vinda do segundo Adão, que é Cristo, o Senhor.
“Tendo eles chegado ao outro lado, à terra dos gadarenos, saíram-lhe ao encontro dois endemoninhados, vindo dos sepulcros. Eram tão violentos que ninguém podia passar por aquele caminho. De repente gritaram: Que temos nós contigo, Jesus Filho de Deus? VIESTE AQUI NOS ATORMENTAR ANTES DO TEMPO? ” (Mt 8:28-29; 1Jo 3:8).
Jesus Cristo disse:
“O Espírito do Senhor está sobre mim; porque o Senhor me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, A PROCLAMAR LIBERDADE AOS CATIVOS, E A ABERTURA DE PRISÃO AOS PRESOS, E ANUNCIAR O ANO ACEITÁVEL DO SENHOR E O DIA DA VINGANÇA DO NOSSO DEUS”. (Lc 4:18; Is. 61:1).
Pobre, louco e fracassado Satanás: o ano aceitável do seu fim havia chegado e o dia da vingança de Deus contra ele também.
Lúcifer teve tudo para ser muito rico, feliz, agraciado e abençoado por Deus, mas jogou tudo fora meramente pelos prazeres deste mundo.
3 – Por final, Satanás seria lançado em um lago de fogo e enxofre. E com ele os anjos que também se rebelaram contra o Criador, e ainda todos os seres humanos que viveram de acordo com a vontade dele.
“E então dirá aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25:41).
“Então vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele. Da presença dele fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se livros. Abriu-se outro livro, que é o da vida. Os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. O mar entregou os mortos que nele havia, e a morte e o além deram os mortos que neles havia, e foram julgados cada um segundo as suas obras. Então a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E todo aquele que não foi achado inscrito no livro da vida, foi lançado no lago de fogo” (Ap 20:11-15).
“E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta” (Ap 20:10).
Ainda assim Lúcifer optou por tornar-se Satanás.
A possibilidade de ter para si um reino próprio, a possibilidade de poder ser venerado pelo homem ao invés de ter de servi-lo e o fato de que seu reino fosse perdurar por milhares de anos, fez com que Lúcifer se afastasse da presença de Deus.
Por sua liberdade ele assinou um contrato com Deus. Mas hoje ele está colhendo as consequências da sua escolha.
O REINO DE SATANÁS ACABOU EM CRISTO.
Antes da vinda de Cristo ao mundo, Satanás aprisionava pessoas e não era fácil escapar de suas garras quando ele invadia a vida de uma pessoa que havia se envolvido com ele ou havia sido consagrada ele, ainda que fosse criança (Marcos 9:21 “...desde a infância”).
Mas Cristo veio ao mundo e acabou com o domínio do Satanás. Hoje só fica aprisionado quem quiser, só fica aprisionado quem não entregar sua vida para Cristo, só fica aprisionado quem não usar o nome do Senhor Jesus Cristo para sua libertação. O tempo do Satanás acabou, esgotou-se.
Hoje Satanás só permanece na vida de uma pessoa se não for expulso em nome do Senhor Jesus Cristo, pois Satanás dobra-se de joelhos diante do nome do Senhor Jesus Cristo.
Mas ele é teimoso e quer ser servido e venerado pelo homem, ele é enganador. Mas Cristo o derrotou por você e por mim.
“Agora é o tempo do juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo” (Jo 12:31).
“E expulso o demônio, falou o mudo. AS MULTIDÕES SE ADMIRAVAM, DIZENDO: NUNCA TAL SE VIU EM ISRAEL! ” (Mt 9:33).
“Voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos submetem. Disse-lhes Jesus: EU VI SATANÁS, COMO RAIO, CAIR DO CÉU. Eu vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum” (Lc 10:17-19).
Satanás está ferido, perdeu o poder sobre o ser humano; não mais pode impor-se sobre a vida de uma pessoa, pois pode ser expulso em nome do senhor Jesus Cristo. E o dia de sua morte total já está marcado. Cristo o tem sob controle para a hora certa de destruí-lo completamente:
“Eu sou o que vivo. Fui morto, mas estou vivo para todo o sempre! E TENHO AS CHAVES DA MORTE E DO INFERNO” (Ap 1:18).
Cristo feriu a cabeça de Satanás, está assentado à direita de Deus Pai Todo Poderoso, aguardando somente o dia certo para acabar totalmente com o reino do Satanás.
“Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés” (Salmo 110:1).
E assim o Senhor Jesus Cristo feriu a cabeça de Satanás e a profecia que dizia: “...ESTE TE FERIRÁ A CABEÇA”, se cumpriu.
A LIBERDADE DO HOMEM: A OBRA PRINCIPAL DO CRIADOR.
Já não é nenhum mistério que Deus formou o homem com inteligência e liberdade. E todos nós sabemos que o livre arbítrio foi por causa da inteligência. Não dava para fazer um ser inteligente sem o direito e condição de decidir por si mesmo.
Deus fez o homem com livre arbítrio.
MAS O QUE É TER LIVRE ARBÍTRIO? É poder fazer o que quiser? Sim, é poder fazer o que quiser. Mas não é poder colher as consequências que quiser.
Através do livre arbítrio pode-se colher a vida ou a morte eterna. O livre arbítrio não é o direito de pecar e, ainda assim, ir para o céu morar com Deus.
O livre arbítrio é uma propriedade da inteligência, mas é muito perigoso. É melhor inclinar-se para a inteligência do que inclinar-se para o livre arbítrio.
EM QUE CONSISTE A LIBERDADE DO HOMEM?
Consiste em fazer opção entre dois fatores. Todo ser humano está dividido entre dois deuses e dois paraísos.
Cada deus tem um paraíso para oferecer. Quem usufruir do paraíso terrestre não usufruirá do paraíso celestial, porque já está gozando de seu galardão e de sua recompensa aqui na terra.
Em Mateus 6:1-5 está escrito que havia uma classe de pessoas, os escribas e fariseus, que gostavam de orar e jejuar para serem vistos pelos homens.
Jesus Cristo disse que os que oram e jejuam serão recompensados lá no céu. Mas disse também que os escribas e os fariseus não seriam, porque já estavam recebendo sua recompensa aqui na terra. E esta recompensa era serem vistos e aplaudidos pelos homens.
Jesus Cristo ensinou que devemos renunciar as coisas deste mundo e que devemos buscar as recompensas lá do céu.
Quem busca as recompensas deste mundo não receberá as recompensas do paraíso celestial, porque já está recebendo sua recompensa e seu galardão aqui na terra.
Deus formou o homem com inteligência e, consequentemente, com livre arbítrio. Mas como ter livre arbítrio diante de um único Deus? Como ter livre arbítrio diante de um único caminho?
E se o homem resolvesse rejeitar seu Deus Criador, por qual outro deus o homem poderia fazer opção, se houvesse somente um Deus optável na face da Terra?
E se o homem resolvesse rejeitar o paraíso oferecido por Deus, por qual outro paraíso o homem poderia fazer opção?
Deus, então, criou outro paraíso para o homem e também criou outro deus para o homem. Custos de uma raça inteligente e livre. Então o homem ficou dividido entre dois deuses e dois paraísos.
O planeta terra é um paraíso para quem ama o que a Bíblia chama de “Coisas do mundo. Soberba da vida, concupiscência da carne e dos olhos” (1Jo 2:15-17); e o deus deste paraíso é o Satanás (2Co. 4:4; 1João 4:4, 5:19).
O céu é um paraíso e seu Deus é o Senhor Criador. Quem decidir usufruir do paraíso terrestre não poderá usufruir do paraíso celestial.
Quem venerar o Deus celestial herdará a vida eterna e o paraíso celestial, e quem venerar o deus terrestre herdará o paraíso terrestre e, quando morrer fisicamente, o inferno do deus que escolheu agradar.
Satanás é um deus neste mundo, e este mundo é um paraíso possível de ser escolhido e usufruído pelo ser humano, mas só há um jeito de se usufruir deste paraíso terrestre e este jeito é: OPONDO-SE AO DEUS CELESTIAL, conforme está escrito:
“Adúlteros e adúlteras, não sabeis que A AMIZADE DO MUNDO É INIMIZADE COM DEUS? PORTANTO QUALQUER QUE QUISER SER AMIGO DO MUNDO CONSTITUI-SE INIMIGO DE DEUS. Ou pensais que em vão diz a Escritura que o Espírito que ele fez habitar em nós tem intenso ciúme? SUJEITAI-VOS, POIS, A DEUS. MAS RESISTI AO DIABO, E ELE FUGIRÁ DE VÓS. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Lavai as mãos, pecadores, e vós de duplo ânimo, purificai os corações. Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai, converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará” (Tiago 4:4-10).
O texto diz: “...vós de duplo ânimo...”. Duplo ânimo, isto é: querer viver com Deus, mas também agradar a este mundo que tem por deus o diabo. Animado para Deus, mas também animado para as coisas do mundo. Por isso a passagem registra:
“Sujeitai-vos, pois, a Deus, MAS RESISTI AO DIABO...”.
Não dá para se sujeitar a Deus E NÃO RESISTIR AO DIABO. Não dá para ficar com os dois. Ele considera que isso é adultério. Não é à toa que está escrito:
“Ou pensais que em vão diz a Escritura que o Espírito que ele fez habitar em nós tem intenso ciúme?”.
Não dá para venerar o Deus do céu e o deus do mundo. O homem está dividido entre Deus e o diabo, entre o paraíso celestial e o paraíso terrestre.
Tiago escreveu: “Adúlteros e adulteras”. Quem venera o deus deste mundo é traidor para com Deus.
E também escreveu:
“Não sabeis que a amizade do mundo é inimizade com Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”.
Quem volta-se para as coisas do mundo é traidor para com Deus. Quem venera este mundo descarta de si o reino celestial. Quem venera o deus deste mundo descarta de si o Deus celestial. Não podemos ter dois deuses. O Criador exige ser o único Senhor.
O homem foi formado com livre arbítrio. E a liberdade do homem consiste em poder optar por este paraíso terrestre em que vivemos ou optar pelo paraíso celestial, que aguarda os filhos de Deus. E ainda: ou optar pelo deus deste mundo ou optar pelo Deus do mundo celestial.
Quem opta pelo Deus celestial está renunciando o paraíso terrestre, mas herdará o paraíso celestial. Quem opta pelo paraíso terrestre, usufruirá do paraíso terrestre, mas perderá o paraíso celestial.
Bom é viver justa e piedosamente neste mundo. Bom é usufruir das coisas permitidas por Deus neste mundo, que são muito boas e ainda permite-nos ir para o céu morar com Deus.
A raça humana é um sonho no coração de Deus. Não estamos prontos. Mas Deus está no controle de tudo. Jesus Cristo disse:
“Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (João 5:17).
Muita gente perguntava: POR QUE DEUS NÃO DESTRÓI LOGO O SATANÁS?
Deus não destrói logo o Satanás porque tem um contrato com ele por causa do livre arbítrio do homem. Enquanto seres humanos existirem neste mundo, terá que existir aqui também outro deus possível de ser optado pelo homem; ou então não existirá para esses seres humanos um livre arbítrio completo: que oferece condição de escolha.
Mas é possível expulsar o Satanás da face do planeta terra. Mas seria necessário a união de todos os seres humanos da terra, simultaneamente, no sentido de rejeitá-lo em nome do Senhor Jesus Cristo. E em respeito ao nosso livre arbítrio ele teria que sair. Mas se um único ser humano dissesse: “Eu quero que o Satanás continue aqui”, então ele poderia ficar por causa desse único ser humano que o desejou. Por isso fica difícil expulsar o Satanás da face da terra.
Mas não fica difícil expulsá-lo da nossa vida. Eu não posso sozinho expulsar o Satanás da face do planeta terra, mas posso expulsá-lo da minha vida. Eu posso dizer:
“Eu renuncio o reino de Satanás, eu rejeito o reino do Satanás; eu rejeito o Satanás e seus demônios; eu não quero e não permito o Satanás na minha vida; sai da minha vida, sai da minha família, sai da minha casa, em nome do Senhor Jesus Cristo, amém”.
A salvação é pessoal, cada ser humano tem que confessar Jesus Cristo como Senhor e cada ser humano tem que expulsar o mal da sua vida, porque cabe a cada um não deixar o mal voltar, porque quando ele volta, volta ainda pior. (Mt 12:43-45).
Mas o importante é que Deus está no controle da situação. Não estamos desamparados. Temos um Deus que nos ama, protege e honra as nossas decisões, porque nos fez com livre arbítrio.
Se você optar por Deus, o Criador te honrará e um dia você se encontrará no paraíso celestial ao lado de seus irmãos em Cristo.
Se você optar pelo mal, Deus também te honrará, mas o seu final será ruim de todas as formas.
Mas se você não quer o mal, e quer sim é o bem, então una-se aos que buscam ao Senhor e:
“Andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. Mas a prostituição, e toda a sorte de impureza ou cobiça, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos; nem torpeza, nem conversa tola, nem chocarrices, que não convêm, mas antes ações de graças. Pois bem sabeis isto: Nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavras vãs, pois por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência” (Ef. 5:2-6).
Judas não se comportou assim, mas ao contrário; ele amou o mundo. Por sua desonestidade foi o escolhido para consumar a mais vexativa história de traição da humanidade. Traindo a Cristo, acima de tudo ele traiu a si mesmo. Que conosco não seja assim, pois a história vai se repetir, conforme está escrito: “Assim como o joio é queimado e lançado no fogo, ASSIM SERÁ NA CONSUMAÇÃO DESTE MUNDO. Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniquidade. E lança-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. QUEM TEM OUVIDOS PARA OUVIR, OUÇA”. (Mateus 13:40-43).
AMÉM
Claudinei Nunes Pereira.